Agosto Lilás - Mês de combate à violência contra a mulher.


“Eu sempre quis ser herói.
Então decidi salvar uma vida
diferente a cada dia.
Hoje eu escolhi salvar a minha.” (Arquitetando Poesias)

Olá, meu caro leitor. Meu nome é Maria Flor e sou vítima da violência contra a mulher.

Talvez, você esteja se perguntando o que aconteceu, então deixe-me te contar  minha história.

Eu sempre fui uma mulher que gostava da minha liberdade, não me apaixonava fácil e gostava de curtir minhas noites em bares e baladas, mas em uma dessas festas eu acabei conhecendo o João, meu atual marido e o meu agressor. De início ele sempre se mostrou um cara romântico e extremamente educado. Era atencioso, me respeitava e sabia me ouvir, porém conforme os meses iam passando, eu sentia como se ele estivesse se transformando.

Sempre que íamos sair, eu vestia calças e vestidos longos. Não usava blusas curtas ou shorts, porque ele me dizia que era vulgar ou que eu ficava mais bonita com roupas longas. Comecei a sair apenas com ele, mal via meus amigos, tampouco a minha família, pois ele não gostava que eu saísse de casa sem tê-lo como minha companhia. Aos poucos, começamos a brigar, por coisas triviais e por coisas importantes, mas parecia que a cada briga, às coisas iam piorando, até que um dia ele me deu um tapa no rosto. Eu não conseguia acreditar, não queria acreditar! Ele me olhava confuso, com os olhos marejados e arrependidos. Me pediu desculpas e mais tarde me entregou um buquê de flores.

Na semana seguinte, brigamos novamente, dessa vez ele me deu um soco no estômago, disse que eu era vulgar e que ele não merecia uma mulher tão feia como eu, ao seu lado e que por pena ele continuava comigo, até porque, se nós terminássemos, ninguém iria me querer. Naquele mesmo dia, ao anoitecer ele me entregou um buquê, me pediu desculpas chorando e disse que isso nunca mais iria acontecer e eu? Acreditei, mesmo sabendo bem lá no fundo do meu coração, que ele não iria mudar.

Durante três meses, aquele homem pelo qual eu havia me apaixonado parecia ter voltado, mas um dia, quando eu estava me arrumando para ir visitar minha mãe, ele me disse para trocar de roupa e eu disse que não iria. Começamos a discutir novamente e quando eu estava prestes a sair pela porta, ele me puxou pelo cabelo e me jogou contra a parede. Meu corpo sentiu o impacto, entretanto, não deu tempo de pensar em algo, porque segundos depois ele começou a me dar socos até que eu estivesse caída no chão e então começou a me chutar. Eu gritava desesperada implorando para que ele parasse, mas ele não me ouvia, parecia estar fora de si. Os segundos foram se passando, abrindo espaço para os minutos e em pouco tempo eu estava desmaiada. Quando eu acordei, ele não estava mais ali, tentei me levantar, mas meu corpo doía, de longe eu conseguia ouvir o barulho da sirene, parece que meus gritos foram ouvidos e alguém havia chamado a polícia, porém ele havia fugido.

Hoje, seis meses se passaram desde que isso aconteceu e até agora ele não pagou pelo o que fez. E eu? Escrevo minha história, para que mulheres como eu, tenham coragem de contar para alguém o que estão passando e para que aquelas que nunca passaram, fiquem atentas aos sinais da violência física, psicológica e moral.

Não espere que o pior aconteça com você, não espere receber flores em seu túmulo, ligue 180 e denuncie.

Ana Carolina Barbosa; 21 anos; membro do Grupo Escoteiro Guarapiranga desde 2014., onde atua como jovem escotista no Ramos Sênior e participa da equipe de interesse do 21+; Licencianda no curso de Pedagogia. 




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