Meu erro não me define
Geralmente ouço essa
expressão na perspectiva de segunda pessoa: “olha você errou mas não fica
assim”. Nesse olhar quem erra é o outro, cabe a mim ofertar consolo no sentido
de minimizar o erro e ajudar na superação.
Nem sempre há essa
compreensão, na maioria dos casos, seu erro te faz enquanto pessoa. Nas redes
sociais, substituímos o “bloquear” pelo “cancelar”. Se alguém de suas relações
faz alguma coisa que você não gosta: Cancela. Somos o exemplo da ética,
moral e da conduta irrepreensível, prontos para laçar o veredicto e, nesse
caso, cancelar a outra pessoa.
Basta uma fala, uma conduta,
um equívoco para que a sentença seja proferida e sem qualquer chance de defesa,
sem escuta, quase sempre sobra o cale-se. Continuamos na perspectiva de
atirar as pedras, esquecendo que na mesma medida que medirmos, seremos medidos.
E quando sou eu? Quando o
erro foi por mim cometido. O que posso esperar dos que me conhecem?
Posso dizer que cada erro que
é por mim percebido, ou me é mostrado pelos meus amigos, contribui, na
tentativa de corrigir, que eu me torne melhor. Se a intolerância do “cancela”
for substituída pela paciência, preocupação, acolhida e cuidado, se uma história
for mais significativa que um ato, terei a oportunidade de me rever, corrigir o
meu rumo e sair com menos feridas e ferindo menos.
Tenho como premissa não fazer
uso das armas que sustentam o mal que desejo combater, não posso carregar a
intolerância pois ela é um dos pilares que sustentam a divisão e o preconceito,
não há como utilizá-la de maneira positiva.
Talvez seja nisso que resida
a essência do 4º Artigo da Lei Escoteira: A(o) escoteira(o) é amiga(o) de
todas(os) e irmã(o) das(os) demais escoteiras(os).
Tenho que conter o minha
intolerância, vestida de bloquear, cancelar, calar-se, para ser amigo e irmão,
cuidando e contribuindo para que, por meio de uma convivência de respeito,
tolerância, lealdade e amizade possa me melhorar mediado pelo outro.
Ps. Espero que seja tolerante com minha “pequena” transgressão ao texto da lei.
Texto: Escotista Fábio Alves Meirelles - Fundador e atual Diretor Presidente do Grupo Escoteiro Guarapiranga; Escotista no Ramo Sênior; participante do Movimento Escoteiro desde 1984; Bacharel em Direito; Especialista no Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente, ECA e Direitos da Criança e do Adolescente; Palestrante; Gerente financeiro na OSC Fundação Julita/SP.

Adorei 😍
ResponderExcluirPerfeito
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